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Olívio Borges: 100 anos do ‘varredor’ voluntário

Pirajui por Unknown em 21 de outubro de 2014 | 07:50:00

Às vésperas de completar 100 anos, lá estava ele com uma vassoura na mão e sorriso largo no rosto, embaixo de sol escaldante recolhendo toda sujeira do quarteirão onde mora, em Pirajuí. Detalhe: sem ganhar nada em troca. Enquanto colocava as folhas em um saco plástico, dizia, preocupado em agradar: “Acabando aqui, vamos tomar um café”.

Parece até história fictícia, mas, neste caso, o personagem é real e tem nome: Olívio Borges, que sexta-feira chega a um século de vida com saúde e disposição de um jovem. Mas qual será o segredo de sua longevidade? Para ele, viver tanto, e bem, se resume em um ato simples e inspirador: ajudar o próximo. “Fazer o bem e não olhar quem. Também não pode abusar e fazer extravagâncias”.

Abusar, entretanto, só se for no trabalho. Seu Olívio nasceu em Bauru, no dia 24 de outubro de 1914, em uma fazenda da cidade. Aos nove anos, já ajudava os pais na roça, capinando café. “Era serviço pesado, com machado e enxadão o dia todo”, lembra.

Aos 15 anos, mudou-se com a família para Pirajuí, pois o pai havia recebido proposta de trabalho, também na roça. Cinco anos depois, foi tentar a sorte em uma cidade do Mato Grosso, onde ficou por pouco tempo.

Quando retornou a Pirajuí, um de seus irmãos o ensinou a dirigir e ele arrumou trabalho como motorista de caminhão. “Puxava tora de madeira”, contou. Olívio se casou e teve uma filha, hoje com 53 anos. Sua esposa morreu de câncer aos 90 anos, em 2004. “ 50 anos casados e nunca brigamos. Fiquei chateado, mas o que Deus faz, temos que aceitar”, disse.

Seu Olívio se aposentou como motorista em uma distribuidora de bebidas de Pirajuí, onde trabalhou por muitos anos. “Viajei o Brasil todo sem saber ler”, orgulha-se. Hoje, na sua casinha simples de madeira, localizada na avenida Doutor Luiz Barbante, Vila Ortiz, ele leva uma vida ativa e sua rotina não é das mais comuns para uma pessoa da sua idade. Também gosta de cuidar da horta, que ele mantém em quintal doado por um comerciante do bairro. A alegria de Olívio, contudo, é distribuir verduras aos vizinhos e amigos. “Muita gente me pede e faço questão de doar”, conta.

Vizinha diz que aposentado é ‘veinho fora de série’
Todo dia, o aposentado de 100 anos de idade conta com o apoio do afilhado Carlos Aglio, 57 anos. “Uma pessoa que faz o bem, é feliz o tempo todo e ainda consegue chegar nessa idade com saúde, é um ser iluminado. Uma pessoa escolhida a dedo por Deus”, disse Aglio.

Os vizinhos também se sentem honrados de poder conviver diariamente com seu Olívio. “O que é dele, é dos outros. É um ‘veinho’ fora de série. Um privilégio tê-lo como vizinho”, disse a dona de casa Fabiana Barbosa, 38 anos.

Com 74 anos de idade, o aposentado Cláudio Pires já se sente um amigo de longa data de Olívio. “Uma das melhores pessoas que eu conheço. Às vezes, ele dá um susto na gente varrendo a rua de madrugada, mas sabemos que tudo o que ele faz é com amor”, define.

Mais 100
“Que venham mais 100 anos. Quero viver mais”. Essa é a expectativa de seu Olívio, que se diz apaixonado pela vida. “Fui sempre muito feliz. Não posso me queixar da sorte, não me falta nada. Nesses poucos anos de vida, foi tudo muito bom, assim como uma uva: docinha, docinha”. declarou. “Se a morte for um descanso, quero viver cansado”, definiu.

Fonte: Marcus Liborio - www.jcnet.com.br

2 comentários:

  1. que linda historia
    Parabéns para o sr Olívio Borges

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  2. Parabéns que Deus lhe de MUITA SAÚDE, por favor SR Olívio passar essa força de vontade aos jovens de Pirajuí e do Brasil

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